Um estudo inédito foi realizado pelo IFC Concórdia em busca de mosquitos transmissores de leishmaniose visceral no município. As coletas foram realizadas entre abril de 2021 e março de 2022 em seis bairros de Concórdia, utilizando armadilha luminosa do tipo CDC. Dos locais pesquisados, em quatro regiões registrou-se captura de insetos vetores de zoonoses. A identificação das espécies ficou a cargo do Laboratório de Parasitologia Molecular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Foram encontrados exemplares de Migonemyia migonei, Pintomyia fischeri, Pintomyia monticola, Psathyromyia serie lanei, Brumptomyia carvalheiroi e Brumptomyia sp. As espécies Migonemyia migonei e Pintomyia fischeri possuem capacidade vetorial, ou seja, podem transmitir a leishmaniose visceral. Após a identificação, as fêmeas foram submetidas à pesquisa do parasita Leishmania spp., por meio de teste molecular de reação em cadeia da polimerase (PCR), no IFC Concórdia. O parasita não foi encontrado nas amostras. A atividade, conduzida pela mestranda do Programa de Pós-graduação em Produção e Sanidade Animal do IFC, a médica veterinária Tainá Vieira, teve a orientação do professor Diogenes Dezen e a coorientação das professoras Soraya Surian e Joice Faria.
Mesmo não registrando a presença do parasita, a existência do vetor no município representa um risco para o surgimento de casos de leishmaniose visceral caso ocorra a entrada de animais alóctones – que contrairam a doença em outras localidades. “Para que isso não ocorra, é importante a manutenção da vigilância entomológica, ou seja, dos vetores, além da vigilância sanitária de animais alóctones, a ser realizada em especial pelos médicos veterinários atuantes no município, os quais devem orientar os tutores a respeito do uso de coleiras repelentes em seus cães, a fim de evitar o repasto sanguíneo, além de solicitar testes de triagem nestes animais”, explica a pesquisadora.
A leishmaniose visceral é uma doença que acomete humanos, animais domésticos e selvagens, transmitida pela picada das fêmeas dos mosquitos flebotomíneos, conhecidos popularmente como mosquito-palha, tatuquira, cangalhinha ou birigui. A enfermidade é endêmica no Brasil. A região Sul possui o menor número de casos no país, contudo, nos últimos anos vem se expandindo. Em Santa Catarina, o único município que registrou casos positivos autóctones (animais que contraíram a doença no município) é Florianópolis. Porém, outras 38 cidades têm relatos de casos alóctones. Concórdia é um deles, com dois animais diagnosticados em 2012, vindo de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Desde então, não há outros casos reportados.
A mestranda relata que, entre os anos de 2005 e 2015, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) fez um levantamento semelhante no município, quando foi encontrada a espécie Migonemyia migonei. Ela destaca ainda que, neste estudo, a espécie Brumptomyia carvalheiroi foi relatada pela primeira vez no Sul do país.
Cecom IFC Concórdia