Leitura da Carta de Lages pela diretora geral do Campus Gaspar do IFSC, Ana Paula Kuczmynda da Silveira, uma das relatoras do documento.
A redação da Carta de Lages, que contém o resultado dos debates realizados durante a primeira Reunião dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica da Região Sul (Reditec Sul), marcou o encerramento do evento realizado de 19 a 21 de junho no Campus Lages do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). O documento de três páginas aborda questões como necessidades orçamentárias dos institutos federais e iniciativas para fortalecer a educação a distância (EaD) e melhorar a permanência e o êxito nos cursos oferecidos pelas instituições.
No documento de três páginas, os participantes da Reditec Sul manifestaram preocupação com relação à Meta 11 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê triplicar as matrículas na educação profissional técnica de nível médio até 2024, e com a assistência estudantil para garantir acesso, permanência e êxito, principalmente aos estudantes mais vulneráveis. Segundo eles, o cumprimento da Meta 20 do PNE, que destina 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação pública até 2019 e 10% até 2024, é essencial para cumprir esses objetivos.
Para fortalecer a EaD, a Carta de Lages prevê a criação de um grupo de trabalho da Região Sul, o compartilhamento de materiais para a formação continuada de servidores e a oferta conjunta de cursos a distância, entre outras ações. Na área de permanência e êxito, as iniciativas propostas incluem a criação de um repositório de experiências exitosas, a sistematização de dados sobre evasão e retenção e sua análise e a formação continuada de servidores.
A Carta de Lages pode ser lida na íntegra aqui: Carta de Lages
Participantes destacam oportunidade de troca de experiências
A Reditec Sul reuniu, durante os três dias, cerca de 110 reitores, pró-reitores e diretores gerais dos seis institutos federais da Região Sul: além do anfitrião IFSC, o Instituto Federal Catarinense (IFC), o do Paraná (IFPR), o Farroupilha (IFFar), o do Rio Grande do Sul (IFRS) e o Sul-Rio-Grandense (IFSul). O evento teve palestra de abertura com o professor Luís Enrique Aguilar, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mesa-redonda com a secretária de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), Eline Neves Braga Nascimento, e o ex-titular da pasta, Eliezer Moreira Pacheco, oficinas e reuniões de fóruns setoriais. Foi a primeira edição regional da Reditec realizada no País, com o tema “Impacto dos Institutos Federais no desenvolvimento regional: interiorização, inclusão e transformação”.
Um dos objetivos do evento, que surgiu a partir de uma mobilização de gestores dos institutos federais da Região Sul, era promover a troca de experiências e compartilhar iniciativas. “É uma oportunidade de conhecimento e de qualificação das atividades da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica”, diz a pró-reitora de Desenvolvimento Institucional do IFFar, Nídia Heringer. Para ela, as discussões da oficina que participou (“Contexto atual da educação profissional e tecnológica”) vão ajudar no seu trabalho como gestora.
“Eventos como esse nos possibilitam conhecer a realidade dos outros institutos”, afirma. A vice-reitora do IFSul, Adriane Maria Delgado Menezes. Ela considerou bastante esclarecedora a mesa-redonda com Eline Neves e Eliezer Pacheco, sobre “Os 10 anos da Rede Federal – avanços e desafios”, pois trouxe um histórico e a situação atual da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
“Excepcional” foi a palavra usada pela reitora do IFC, Sônia Regina de Souza Fernandes, para descrever a Reditec Sul. “Conseguimos discutir o papel dos institutos, em especial os da Região Sul, e nossa inserção e nosso impacto na região”, comenta. As contribuições para a gestão do IFC, na opinião dela, são de que os debates realizados vão ajudar na elaboração do planejamento institucional.
A reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider, considera que, para a instituição, organizar o evento foi motivo de orgulho, principalmente por realizá-lo em um campus do interior (Lages fica a 230km de Florianópolis, na região da Serra Catarinense). “Tudo isso simboliza a própria atuação dos institutos federais”, comenta. O objetivo de articular os institutos federais da região para atuar de maneira colaborativa foi cumprido, na visão da reitora. “Eu penso que ter esses momentos em que a gente vê que há gestores que vivem as mesmas angústias e as mesmas dificuldades que nós, isso também nos fortalece para avançar”, avalia.
A próxima Reditec Sul deve ser realizada pelo IFFar, que se colocou à disposição no final do evento para organizá-lo nas cidades de Santa Rosa ou Frederico Westphalen.
Texto: Felipe Silva (jornalista do IFSC)